Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

quarta-feira, abril 28, 2004

Nudez

Encolho-me perante bramidos sentidos, provindos de alguém que me conhece as entranhas...
a medo me escondo, com olhos brilhantes, de quem ousa ser encontrado por entre arbustos derretidos na escuridão...
através de um simples olhar, com olhos em chamas...de quem arde por dentro, expelindo e contagiando com o seu calor...
de quem tenta aquecer um ou outro sentimento...aqui e ali...

fecho imagens em mentes insanes e esqueço limites e barreiras finitas...
fecho imagens com folhos de cores inúteis que me desviam o olhar fútil...
fecho imagens e choro por me deixar levar...mais uma vez...por simples distrações sem alma...

desenho pequenos fôlegos nessas cores, como que para lhes dar profundidade e copio o teu retrato em folhos inúteis com estrelas de pequenos beijos teus e sopro finalmente por entre riscos e rabiscos de alma pura...

vejo a vida que se eleva sobre mim...desvendando mais sentimentos...e coro porque me sinto nu em mim...
nu face a ti...e o receio apodera-se do meu corpo que se remete ao pensamento de que talvez um dia me sinta confortável assim...
assim nu em mim para ti...

quarta-feira, abril 14, 2004

Cipestres em chamas

caminho, cambaleando por entre ciprestes em chamas...
toco as folhas em cinzas, que asfixiam a vida, que cobrem o chão...
estas dissolvem-se e pintam destinos negros na pele seca da palma da minha mão...

observo o negrume que se esboça também nos meus olhos...observo a morte que asfixia e pinta o chão que piso...
e, enquanto me perco na minha perdição, ouço-a...ouço-a sem a compreender...abraçando as árvores, que ardem, sem ela o compreender...

vejo-a entre chamas...com olhos que sorriem...olhos de esperança...olhos que brincam com as mãos sujas, que entretanto ergo para a tocar...e desconhecendo os seus destinos e designios sigo-a...

caminhamos de mãos dadas...desconfortáveis com o amor...inseguros com a perene sensação que os sentimentos assumem...mas mesmo assim felizes com o breve momento... felizes com a sensação de que a felicidade pode existir...mesmo que ardendo algures entre os cipestres...


sexta-feira, abril 09, 2004

Telas

alegres sons que provêm do silêncio das telas mudas que cantam...
que enchem a vida de cor...
crianças pintam, com as mãos coloridas...com as impressoes de quem calca a alma de uns, com os sentimentos perdidos de outros...
encontrados por vagabundos felizes, que se encontram a si proprios nas telas...
de crianças que continuam atentas...a pintar uma vida e outra...e outra...e talvez a minha e a tua...

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