Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

arregaço a pele e descubro um coração oco...que ecoa solidão por entre gemidos de dor em luto...
que revela constelações de esperança...pequenas partículas de desejo, ainda latente...

olho-te sem olhos...com o simples reflexo do amor...e desprendo os elásticos da emoção que te prendem a mim...que te puxam aos poucos...por entre sorrisos mudos...por entre premonições de paz...

e, com a chave da comunhão, giro delicadamente a fechadura da entrega...giro e abro o teu coração...

e leio palavras do antes e do depois, porque as do durante são escritas pela pena húmida da paixão...

e as letras que trocamos...as palavras, que expelimos com a simples vivência a dois, são guardadas num cofre sempre aberto, cuja chave reside na união...na união do sentimento.
Segredos

Rumores de vozes entrincheirados na memória...
algures onde o velho segredo caminha, ainda lesto, por entre familiares tabus...
marcha, pé ante pé, lesto mas cuidadoso, evitando olhares reprovadores por acções nunca levadas a cabo...por acções sentidas intensamente...

O velho, o que procura as vozes, o que arrisca olhares, o que esquece a idade e o tempo, suspira pela continuidade da sua existência...
suspira pelo coração fraco que bate...que persiste em bater ao ritmo de uma paixão não esquecida...não negligenciada pelo olhar, ainda aceso com a chama do sentimento...

O velho, que definha e morre aos poucos, sorri o sorriso do segredo ao segredo que se esvai em morte pela vida...e os tabus, os que enchem a memória de cinzas, cultivam a decepção...cultivam a apatia...cultivam a resignação e rejubilam em dor por um amor esquecido...

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Morte

seguro os véus negros da sabedoria com os dedos longos do seu olhar...
estico os braços bem alto, para evitar as rugas do tempo...
mas o esforço é sempre breve...breve a sua vontade em me olhar...

limpo e limo os sentimentos crus...cozinho-os em tachos ardentes...
em fogueiras que consomem o ar que aviva a alma...
movo e giro o meu futuro e provo-o...o paladar da tristeza...o sabor da derrota...

junto as lágrimas da resignação para lhe acentuar o paladar...
e dou-lhe a provar...de sorriso largo...de olhos brilhantes...
a minha alma...

a mão que escorre as palavras lentas que um coração aceso ilumina...
a mão que se derrete sobre as palavras lestas que uma mente em bréu desenha...
a mão que um dia se ergueu para assassinar os espirítos turvos de passados longinquos...
a mão arrependida que geme ecos vibrantes de dor...
a mão agora decepada em vontade, em crença, em acção...
a mão perdida algures num coração agora escuro...observada por uma mente iluminada pela razão...

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