Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

sexta-feira, setembro 15, 2006

lambo o vapor que transpira da forma disforme que me chupa a pele, que me descobre a vergonha...
e espero os comboios que traçam linhas em solos vermelhos de sangue...
atento aos viciados na vida que as inalam e gritam pragas de gafanhotos expelidas de poços sem luz...
viajo entre flashes fotográficos por espaços indefinidos, olhando através de janelas que me desvendam coreografias de rupturas passadas...
até que a alma de uma escada perdida me localize a estação invisivel...
o destino presenteado no palco dourado, adornado pelo odor de uma ode de dor...

domingo, setembro 10, 2006

Humedecida a pena com o pesar do autor...
que amontoa palavras do desconforto que é amar sem ser amado...
como se tal fosse uma obrigação do escravo poeta...
daquele que carrega o pecado da paixão da humanidade nas costas vergadas pela responsabilidade...

E é ele...o falso poeta...que observa aquela forma feminina...a quem ele chama mulher...
E é ela...o monstro, um conjunto de retalhos platonicos e imagens de memorias carcumidas pelo esquecimento...que se eleva lentamente ao pedestal do poema malogrado...

Ele, aliciado por meretrizes frases que lhe concedem a vontade a troco do engano,
esboça o último sorriso, antes que a pena pese demais e continue a descrever o quão desconfortável é amar sem ser amado...
Este sou eu...o ser perdido, montado na sela do unicornio vendado...
Aquele que gira sobre os átomos do vazio...escondido nos limbos da morte, cujas paredes invisiveis encobrem o meu caminho...

Este sou eu...vagueando nos labirintos das outras vidas...
negligenciando as respostas dadas a perguntas que não ousarei colocar...
e desenhando aqueles falsos sorrisos sobre vultos negros...cuja real expressão aguça o esquecimento...

Este sou eu...o ser perdido,aquele que apaga memorias de genes, que me traçam deterministicamente os passos que nunca darei...
Sou eu...aquele que lava a vergonha com o sabão do remorso...que esfrega a sujidade do tecido da vida...que chora sem saber o porquê...nem porque me escondo...

Este sou eu...o que atenta, a medo, para a forma como as sombras me rasgam a pele e me descobrem as entranhas...e, mesmo molhado pela chuva da verdade, se esconde e desdenha de uma nova oportunidade...

sexta-feira, setembro 01, 2006

São as mãos dela que modelam aquelas construções de areia fina...
ornamentadas de raios de um coração quente, que se desenha num céu azul...
como o vestido que ornamenta a sua pele fresca...

São das suas mãos que pequenas janelas falam ao mundo...
que conchas se vestem de estrelas e voam...voam como os nossos sonhos...
tais pássaros amainados pela liberdade...

São das suas mãos que colunas se erguem, tocando nuvens expostas em círculo, formando colares, que adocicam tonalidades...
e a disposição dos búzios, tais escadas que nos enrolam os sentidos, segue o ritmo da serenidade...

E aqueles dedos compridos, cumpridores de melodias que calcam e constroem as portas livres, são o reflexo da graciosidade da paz...
e o seu sorriso aviva a cidade que a rodeia...
e o seu respirar é a brisa leve que me acorda...
que me faz sair do meu casulo...espreitar...e vê-la...enorme...esbelta...sorrindo...
sempre presente...moldando a minha vida...esculpindo a minha felicidade...

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