Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

domingo, maio 16, 2004

Atacadores

Mãos singelas giram delicadamente os atacadoes soltos, dos sapatos sujos, do pequeno rapaz...
Olhos trôpegos brilham de alegria esquecida, e atentam aos movimentos dos dedos que, carinhosamente, manuseiam os atacadores...
Imagens saudosas dificultam os olhos húmidos de tecer laços firmes...desenham histórias passadas em atacadores apertados...tecem memórias em nós dados...
Um sorriso esboça-se, por entre duas lágrimas frias, que traçam os contornos de uma face desenhada com sofrimento, lívida de amor...Um sorriso, que se transforma rapidamente em temor...e um soluçar, que revela um forte ardor...
O rapaz observa-a...admirado...confuso com a sua reacção...
Atento à voz da sua mãe, que o chama ao longe, corre na sua direcção...
Corre, olhando a mulher, uma última vez...
Ela, de joelhos, olha os seus dedos...os dedos de mãos singelas...de mãos, que antes apertavam os atacadores soltos de outros sapatos sujos...de outros sapatos sujos que não desenham mais memórias...

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