Como pintar uma tela sem tinta? como tecer um bordado sem linha? como viver sem vida???
A moldura da raça humana é o corpo fútil que apodrece...os genes da imortalidade riem-se da casca seca e ignobil que cobre o corpo inútil e revigoram no tempo em gargalhadas intemporais...
O engodo do infinito traçado em linhas de vida engana o mortal que, morrendo, conhece o lado jocoso do conhecimento...e, algures perdido em limbicos e labirinticos corredores, alguém, que não interessa quem, calca o nada, supenso no espaço limitado pela vida e pela morte...
O nada, que se entretém a escrever as memórias em tinta amnésica, lida com a razoabilidade do infinito de sentimento anestesiando-o com a simples não-existência...
E, no dia em que o alguém, que não interessa quem, evaporou e foi engolido pela nuvem mais negra do esquecimento esperado, senti-me pesado pelo remorso...e, ao mesmo tempo, leve da responsabilidade de tentar perceber....de tentar tecer um bordado, de pintar uma tela, de viver...
Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...
segunda-feira, outubro 25, 2004
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