Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

quinta-feira, agosto 11, 2005

conheci-te noite fiel...
enquanto empilhava as palavras, que a minha sede de sentidos trauteava...
enquanto as colava com vinho de sangue...
enquanto sangrava lágrimas escorridas entre as ruas da incerteza...
e foi nesse dia que te li os sentimentos embriagados...
e que soube o que virias a sentir com a ausência do ninguém...
e, então, aluguei à hora uma alma...
pagando-a com cada pulsação de vida...
cujos versos desritmados cansavam o tom de vulto...

conheci-te noite fiel...
e devolvi o corpo ao cabide do pó, lambendo os rastos húmidos da memória...
depois, colhi as sementes de paz, não lhes concedendo o tempo da maturidade...
e trepei as paredes sujas do futuro,
abandonando o chão fétido do passado, coberto pelo tapete da amnésia...

conheci-te noite fiel...
e cantei à lua cheia o vazio da minha voz...
atei as veias, usando-as como cordas, e trepei até ao cume da ilusão...
e bem lá no topo, bem perto de ti, aprisionado aos calabouços de morte, gritei bem alto...

conheço-te noite infiel...

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