Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

terça-feira, agosto 23, 2005

Não é que seja parco no sentir ou alegre na solidão...
mas hoje decidi vendar os pés e deixá-los ir...
deixei a mente assobiar na cúmplicidade perversa do caminhar...
e inalei palavras de liberdade escritas num arcanjo livre...
soprei velas de aniversários que não vivi...
e afaguei a alma com os paninhos quentes da ilusão tornada viva...
peguei na vassoura de nome esquecimento e limpei a memória...
cuspi ao ar o arrependimento...
e deixei a brisa lidar com o remorso...
abri a alma e retirei-lhe os espirais do intemporal congénito...
alisei moléculas e estendi sinapses ao sol...
conquistei a fotossintese e dei os dedos de conversa às plantas...
subi ao monte calvo e cultivei-lhe poesia...
li aos cactos expectante pelas pétalas cheias...
alterei as necessidades básicas e adicionei-lhes adjectivos...
comi pronomes e corgitei imperativos...
que dei aos pássaros de asas independentes...
finalmente limei as minhas asas e voei em busca de um verbo...
de uma palavra tão simples e perfeita...
como a palavra amar...

Não é que seja parco no sentir ou alegre na solidão...
mas hoje decidi consentir-me viver...

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