Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

terça-feira, setembro 14, 2004

Sentidos in-dança

Ela acaricia leve e timidamente o chão ardente, que anseia vibrantemente pelo seu toque com as pontas doces dos seus pés...
o palco, que a abraça e a envolve, assume a febril comoção de um publico pintado de negro...
e as poucas luzes, que persistem em manter-se vivas, acotovelam-se e empurram-se para sentirem a superficie do seu corpo suave e melodioso...entretêm-se com os graciosos movimentos que este corpo compõe e perdem-se nos aromas de uma pele harmoniosa...

A música procura acompanhar os seus movimentos, demonstrando a ansiedade de um primeiro encontro, o tremor de uma primeira paixão...o platonismo de um frémito ingénuo, mas sentido...

mas ela, alheia à própria vida, desenha códigos de linguagem, mantendo os olhos cerrados...expressa com a vontade cega ideias longinquas, sem se aperceber do efeito hipnotizante dos seus passos...e dança...dança...dança como se o conceito acabasse de ser criado, inventado a cada passo por si dado...escrito no dicionário da vida, aos poucos, de forma suave mas incisiva...e dança como se as palavras de um qualquer dicionário fossem expressas em passos por ela dados...e dança escrevendo amor, absorta das letras que a compõem...

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