Conduzido por sensações parei. Parei para pensar no que sentia. Senti que parei. Deixei de sentir...

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Toco levemente pequenos sonhos com a ponta da esperança...
distraio-me com os ténues e atractivos sons que eles exalam...distraio-me com os aromas de paz que me aquecem a alma...e deixo-me conduzir puxado por braços longos...por braços manipuladores que me esboçam vontades...que me intitulam a existência...que me gravam passados, bem passados na memória...que me segredam futuros grandiosos...e que me fazem esquecer momentos presentes...

fecho os olhos aos poucos e, com o sorriso apagado, ilumino a estrada, que se desenha à minha frente...a estrada de um futuro, caminhada no presente...
por vales, vejo montanhas e por montanhas, vales de ideias...
montanhas de sentimentos, que se acumulam sem palavras...
vales de palavras sem sentimentos...
Lá em cima, um céu transparente, em decepções pesadas e amargas, brota pequenas flores perfeitas...
tão perfeitas como a ausência de vida, que se ergue lentamente à minha frente e me clama...me chama...me desafia novamente ao esquecimento...
com palavras, ainda doces, de lábios grossos e negros, que precipitam pequenas flores vermelhas...
pequenas flores que gravitam, dançando à volta da minha existência, da alma ainda aquecida pelo engano...anestesiada e cirurgicamente usurpada...
pequenas flores que, ao tocarem a minha pele nua, queimam a minha vontade...chupam a minha verdade...limpam a minha liberdade...
e as pétalas, agora partidas, desmembradas, dilaceradas...pintam o leito onde a minha alma jaz viva...algures perto dos sonhos.

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